Tenho teorizado, desde sempre, que a música, através
dos seus intérpretes, em similaridade com o desporto, através dos nossos
atletas (enquadrado como “adido desportivo”) têm um papel preponderante na
divulgação e representação do país na diáspora além diáspora.
Sendo as três áreas importantes para a imagem do
país lá fora, e transversais umas das outras, o desporto já demonstrou que é e
será muito importante para o planeamento estratégico do país, ao nível da
transmissão da imagem de Cabo-Verde no exterior.
No contexto mundial vários ícones do desporto têm
representado os seus respetivos países, tornando-se figuras de alto índole, de
responsabilidade e promoção do território onde são originários.
A diplomacia pode ser entendida como um instrumento
da política externa, para o estabelecimento e desenvolvimento dos contactos
pacíficos entre os governos de diferentes Estados, pelo emprego de
intermediários, mutuamente reconhecidos pelas respetivas
partes".(Magalhães, José 2005).
Os casos dos futebolistas Cristiano Ronaldo
(Portugal), Leonel Messi (Argentina), Didier Drogba (Costa de Marfim), George
Weah (Libéria) mas também atletas como os tenistas Rafael Nadal (Espanha),
Novak Djokovic (Sérvia), Roger Federer (Suíça), o velocista Usain Bolt
(Jamaica) e o corredor de longa distância, Haile Gebrselassie (Etiópia) em
atletismo, são alguns dos ilustres embaixadores dos seus respetivos países,
superando em grande parte, de forma inequívoca, com popularidade e o
protagonismo nacional e internacional, face a representação político-diplomático
dos dirigentes dos seus respetivos países.
No contexto nacional, o enquadramento torna-se
especifico e complexo. Apesar de haver campeões mundiais, muitas vezes, as
modalidades onde temos grandes atletas (desportos náuticos), não se equipara, a
nível de fãs como é o futebol, basquetebol, andebol, atletismo etc.
A agravante estende-se aos meios de comunicações
sociais por não serem totalmente independentes, estando partidarizadas, ficam
muitas vezes, politico-dependentes, correndo o risco de fecharem as portas, por
não haver dinheiro no final do mês para pagar os funcionários. Em consequência
deste sistema é necessário produzir 90% de política e o resto para as outras
áreas.
Mesmo que o desporto seja a novidade da semana ele
passará para o plano terciário, dando primazia a entidade “pagante”, mesmo que
a informação do patronato não mereça ser destaque da primeira página.
Apartando das críticas, temos vários casos de
sucesso no âmbito da divulgação da marca de Cabo-Verde através do desporto. Mitú
Monteiro, em 2008 e Matchu Lopes, em 2016, sagraram-se campeões mundiais em
Kite Surf. Em 2009, na modalidade Wind Surf, Josh Ângulo arrecadou o título de
melhor do mundo, em ponte Preta, na ilha do Sal.
Márcio Fernandes, em 2015, no Qatar, na cidade de
Doha, sagrou-se campeão do mundo de lançamento de Dardo, enquanto Gracelino
Barbosa em 2016, nos Jogos Paralímpicos, do Rio de Janeiro, conquistou a
O futebolista, defesa central, internacional
“Tubarão Azul”, Fernando Varela, venceu, por duas vezes, o melhor jogador
estrangeiro a atuar na Roménia.
No basquetebol Ivan Almeida, foi considerado em
2013, o MVP do campeonato português de basquetebol, deixando para trás fortes
nomes do basquete português, como Carlos Andrade, Betinho Gomes e Elvis Évora,
também luso-cabo-verdianos, na luta pelo título de melhor jogador da
competição.
O maiense Walter Tavares, chegou a maior liga
profissional de basquetebol do mundo, escolhido pelo Atlanta Hawks no Draft da
NBA realizado em 2014.
No futebol, Zé Luís, atleta do Spartak Moscovo da
Rússia, representa Cabo Verde condignamente, estando a sua equipa na primeira
posição do campeonato de futebol, almejando a conquista, nesta época, do
campeonato russo.
O avançado Djaniny, do Santos Laguna, o primeiro
cabo-verdiano a jogar no México, venceu a Taça em 2014 e o campeonato mexicano
em 2015.
O extremo “Tubarão Azul”, Garry Rodrigues, um dos
nomes mais forte do futebol cabo-verdiano da atualidade, transferido
recentemente, da PAOK da Grécia para o Galatasaray, da Turquia, levando consigo
a marca “Tubarão Azul”, por ser internacional cabo-verdiano e por sentir-se
nacional apesar de nascer em Roterdão, na Holanda.
No voleibol, Valdir Reis, com mais de uma década de
voleibol português, é a principal cara do voleibol cabo-verdiano no exterior,
com muita qualidade, mostrou todo o talento do voleibol cabo-verdiano, abrindo
portas do exterior para outros jovens voleibolistas, como os irmãos Sanches e
outros jovens que estão atualmente na Seleção A.
Todo este misto de modalidades levam consigo um
misto de sentimentos, paixões e emoções. Com isso desperta nos amantes do
desporto a curiosidade de investigar sobre o atleta cabo-verdiano, que
indiretamente o direciona para a pesquisa do pequeno país… Cabo Verde!
Neste arquipélago o desporto é uma das áreas que
mais tem vindo a contribuir para a projeção do nome do país, através das
seleções, mas sobretudo através dos nossos desportistas. Infelizmente, muitas
vezes, pouco valorizado e esquecidos pelas mídias nacionais. São atletas que
oferecem ao país a “divulgação invisível”, atuando de forma subtil na promoção
do país, surgindo o selo “CV” nos jornais, nas rádios, nas televisões de
diferentes países de diferentes continentes, alargando-se a escala planetária.
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