Planeta Vieira: A primeira vitória de sempre de um clube cabo-verdiano numa eliminatória da Liga dos Campeões Africano




(Foto: Sporting da Praia, na época desportiva 1991-92, em foto de equipa depois de ter ganho o jogo por 3-1, após penalti, diante do campeão senegalês Port Autonnome)


O INICIO DO PERCURSO (SPORTING CAMPEÃO NACIONAL)

Na época desportiva 1991-1992, o Sporting Clube da Praia sagrava-se campeão regional Santiago Sul e meses depois sagrava-se também campeão Nacional de Cabo-Verde, ao vencer na segunda mão o Sporting da Ribeira Brava de São Nicolau por 1-0, após de ter-se registado um empate a zero golos entre as duas equipas no estádio da Várzea.

No mesmo período, a nível político-social, surgiram algumas reformas políticas de grande relevância para o país. Surgiu o Movimento para a democracia (MPD) em 1990 e um ano mais tarde, devido a várias pressões de vários intelectuais em diversas áreas do saber, houve pela primeira vez em Cabo Verde eleições livres.

 Carlos Veiga e António Mascarenhas seriam nomeados para o cargo de Primeiro-Ministro e Presidente da República, 15 anos pós independência, com um país cheio de desafios em diversos domínios, passando pela sustentabilidade económica, pela consolidação política e cultural, portanto naquele período o desporto ainda não era prioridade.

PRIMEIRO JOGO EM AUTONNOME

O campeão nacional Sporting Clube da Praia, encontrou pelo caminho, na primeira eliminatória da Champions, o Port Autonnome de Dakar (Senegal), nada mais nada menos que o clube campeão da primeira liga senegalesa de futebol.

 O sorteio da primeira da primeira mão ditava que o primeiro jogo seria fora de portas e a segunda mão ficaria reservada para a cidade da Praia.

Para a surpresa de muitos, o Sporting conquistou um ótimo resultado fora de portas, com um empate a zero bolas. Naquele dia Tchabana, internacional cabo-verdiano na altura e uma das grandes figuras do futebol cabo-verdiano, defendera tudo que havia para defender. No entanto a decisão ficaria marcada para o segundo encontro, no estádio da Várzea.

Naquele espaço temporal havia um grande sentimento de retaliação e vingança por parte dos atletas internacionais cabo-verdianos ao serviço do Sporting da Praia, após a injusta derrota da seleção nacional na final da Taça Amílcar Cabral de 1991, em Dakar, diante do Senegal por 1-0, com muitas críticas devida a má arbitragem.

SEGUNDA MÃO: TCHABANA, O HÉROI NACIONAL

14 dias depois, no dia 23 de Fevereiro do ano de 1991, a grande decisão estava debaixo de muitos olhares nacionais e internacionais, por ser a primeira vez que um clube cabo-verdiano participava na maior competição de clubes a nível africano. Para coroar esta linda progressão nacional e em concreto do Sporting da Praia, o ilustre presidente do Sporting Clube de Portugal, na altura, Sousa Cintra, viajou propositadamente para Cabo Verde, no sentido de presenciar este grande momento do clube filial do Sporting de Lisboa.

Durante os 90 minutos foi registado de novo um nulo entre as duas equipas. No prolongamento também o resultado não tivera alteração e tudo ficara decidido na marcação de grandes penalidades.
Reconhecido por todos, rei das balizas em Cabo Verde na altura, o internacional cabo-verdiano Tchabana era a esperança para o campeão nacional.

O guardião fez jus a sua qualidade que era inegável, defendendo duas grandes penalidades naquela tarde, o Sporting venceria na lotaria das grandes penalidades por 3-1 e deixou o seu timbre na história do desporto nacional, de ser o primeiro clube nacional a conquistar uma vitória numa eliminatória na Liga dos Campeões Africanos organizada pela Confederação Africana de Futebol.

A PRIMEIRA GRANDE VITORIA DE CABO VERDE A NIVEL DE CLUBES

 O Sporting Clube da Praia passaria assim para a próxima fase naquilo que seria um grande motivo de rejúbilo desportivo, a nível de clubes, abrindo caminhos para outras futuras participação de outros clubes cabo-verdianos na maior montra do futebol africano de clubes.

Mário Semedo, sim! O antigo presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol, ficou também marcado como o primeiro treinador a levar um clube nacional para uma Liga dos Campeões Africanos e ter vencido a primeira eliminatória de sempre, numa nação que estava a dar os seus primeiros passos sólidos para o futuro enquanto uma pequena nação do futebol, com grandes potenciais em recursos humanos, rumo ao progresso!

Continua…………………………………………………………………….

OBS: Texto aberto para eventuais acréscimos.


Fonte da foto: Anonimo

Por: William Sena Vieira





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